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O mês de março de 2025 marcou os 60 anos do ingresso de Angelo Gaiarsa Neto na Volkswagen do Brasil. Quem olha para esse senhor pacato, não imagina o seu ímpeto por promover transformações nas empresas, a maioria delas baseadas em soluções de computação.

Foi assim, logo que ingressou na Volkswagen do Brasil, a lendária montadora do ABC. Como Analista de Vendas Júnior, Gaiarsa se deu conta de que a maior parte do seu tempo na empresa era desperdiçada com o preenchimento de intermináveis planilhas.  Toda a tabulação era feita em folhas colunadas, onde eram anotados o nome do comprador, modelo do veículo — em geral, sedans ou kombis —, se fora vendido à vista ou a prazo, o número de prestações, e a profissão do comprador. Tudo anotado manualmente. Com o aumento de unidades vendidas, Gaiarsa observou que era chegada a hora de encontrar maneiras de automatizar o processo.

O desafio proposto por ele mesmo foi o de utilizar a incipiente informatização da época para processar dados e informações de fluxos de atividades. O que parece lógico para os dias de hoje, foi praticamente uma heresia para a época. Nos anos 1960, os poucos computadores importados, eram elefantes brancos, ocupavam o espaço de toda uma sessão e eram exclusivamente utilizados no processo produtivo. O resultado alcançado levou o então Analista a assumir o cargo na Operação e Manutenção de Sistemas.

Além das tarefas do dia a dia, sua atuação confrontou os limites da tecnologia da época. Foi de Gaiarsa o insight de substituir a lista de preços de peças impressa, emitida pela gráfica da Volkswagen e enviada pelo correio para os concessionários todas as vezes em que havia aumento na tabela de preços, por uma única ficha com leitora.

Mas antes que você continue a ler, é importante saber que, apesar de operar transformações nas empresas, Gaiarsa não tem qualquer formação na área de informática. Técnico em Contabilidade e Administrador de Empresas, seu maior trunfo foi o afinado senso de oportunidade e uma capacidade incrível de liderar equipes para promover inovação e verdadeiros saltos em produtividade. “Sempre fui um generalista e me mantenho como tal.”, se define.

Telecomunicações, seguros e consultorias

Gaiarsa ajudou a moldar a forma como as empresas utilizam a tecnologia para impulsionar seus negócios. Admitiu mulheres em cargos-chaves em suas equipes, algo nada comum para a época. Nos anos 1970, a demanda por soluções tecnológicas não era uma exclusividade da indústria automotiva. Ele atuou no setor de telefonia, como gestor de TI da Companhia Telefônica da Borda do Campo – CTBC, que integrava a holding Telesp. Liderou o comitê que unificou sistemas de cobrança de telefonia em uso no país.

Por meio de parceria entre a empresa de telecomunicações e a USP, Gaiarsa foi destacado para lecionar as disciplinas Teoria Geral da Administração e Teoria Geral dos Sistemas, em Brasília, para engenheiros da Telebrás e Embratel.

Próxima parada: o setor de seguros. No início dos anos 1980, Gaiarsa tornou-se diretor presidente da Dataseg Informática — empresa que administraria os sistemas do conjunto de três seguradoras em São Paulo. Ele liderou a equipe responsável pela migração dos CPDs da Burroughs para IBM e encorajou a seguradora a adquirir o “xodó” da época: o IBM-4341. Para esse trabalho, a equipe de Gaiarsa contava com os principais programadores e analistas em atuação, tendo ainda o suporte dos responsáveis técnicos da IBM.

“Nossa metodologia se consolidava e os resultados apareciam… ganhávamos relativa fama; as referências dos clientes, nos abriram portas para inúmeros novos clientes.”

Convidado pelo executivo Paulo Setúbal Neto, Gaiarsa atuou na Itautec, o que foi o embrião da abertura de sua empresa de consultoria e revenda de hardwares. Deixou a empresa para gerir a concessão a fim de ser revendedor da Itautec em Santo André, comercializando os minicomputadores I-7000.

Como consultor, já na segunda metade dos anos 1980, Gaiarsa junto ao seu sócio e amigo Roberto Gobbi, foram responsáveis pelo atendimento a uma carteira de cerca de 50 clientes de diferentes setores, entre eles: Ford, Gráfica Bandeirantes e Associação Brasileira a Indústria Gráfica (Abigraf), Fenabrave — junto a diversas associações de distribuição de veículos ligadas a ela, como Fiat, Honda e John Deere, Diário do Grande ABC, Eletropaulo, Grupo Cometa, Hospital Brasil (atual Rede D’Or), Verzani & Sandrini e Votorantim Metais.

Sua segunda consultoria, fundada já na primeira década dos anos 2000, aproximou-o da Assodeere, a Associação Brasileira de Revendedores John Deere. Gaiarsa atendeu a um chamado para resolver uma crise de implantação de software na rede de concessionários John Deere. Dias depois, foi admitido como consultor. O contrato inicial foi se renovando por doze anos, até que Gaiarsa passou a ocupar a coordenação de TI para 52 grupos de distribuição da montadora, assessorando e orientando implantação de ERPs DMS.

Gaiarsa atualmente está a frente da D&G Promotora , com seu sócio e filho Eduardo Gaiarsa, que estabelece parcerias comerciais na área de TI. E segue escrevendo velozmente essa história pioneira, do analógico ao IA: Gaiarsa concluiu em 2023, curso de introdução e fundamentos sobre Inteligência Artificial no MIT.

Um nome fundamental na evolução da computação nas empresas brasileiras. Desde os primórdios da tecnologia da informação no Brasil, ele testemunhou e contribuiu ativamente para a transformação digital de diversas organizações.

Passando por empresas renomadas como Volkswagen do Brasil, Companhia Telefônica da Borda do Campo – CTBC, Dataseg, Votorantim Metais, John Deere.

Hoje, ele continua a ser uma força ativa no setor, compartilhando seu conhecimento e experiência para guiar a próxima geração de profissionais em um mundo cada vez mais digital.